Neste dia de chuva, aqui sentado à janela a ver o mundo passar, sinto falta do sol. Dos raios de sol dourados, do céu azul e das nuvens brancas. Dias de sol que sabem-me ao que não tenho. Capítulos de chuva que duram há quotidianos da minha vida e que trabalham lenta e profundamente sobre o meu espírito. Neste estranho e oco dia de sombras dá-se em mim uma suspensão da vontade, da emoção. O meu pensamento fica sereno e a vontade é substituída pela calma e apatia. Fico num estado de espírito maior que me prende nesta letargia. Silencioso e isolado. Nada de novo na minha alma, apenas sensações melancólicas coladas umas às outras. E assim, meio-morto nesta minha prisão em que me sinto, vivo na saudade de ter de volta o sol. A saudade que traz o gosto perdido de um dia de Verão.
Hoje o meu coração veste-se de negro.
a.r.T.
Hoje o meu coração veste-se de negro.
a.r.T.