quinta-feira, 30 de abril de 2009

A força do solo


Do abrir dos olhos e acordar até ao os fechar para ir dormir é sempre a partir do nosso ponto de vista que nos é dado agir ou interagir com os outros, mas aquilo que verdadeiramente somos é, em grande parte, uma importação - ou pelo menos possui elementos que já existiam mesmo antes de nós mesmos.

O que determina a forma ou vontade desses elementos em nos é por vezes dito se resumir a alma ou físico-química pelos menos em algum grau e se uma mente aberta é acima de tudo o movimento em si que antecede a acção ou seja aquela materialização da ideia que ainda antes de se iniciar, já está em nós reunido mas não concretizado. Se somos feitos das matérias já existentes e se possuímos coisas como ouro e carga eléctrica como parte do nosso todo é curioso que sejamos apenas uma diferente composição de algo tão antigo como os elementos que nos compunham e no entanto tão diferentes no modo de ser sem no entanto me parecer que sejamos capaz de ir além do que à partida já é tão imenso e grandioso. Talvez seja mesmo um ciclo do solo com algumas outras variantes de acção e isso não passe de um preconceito que tenho para com tudo e todos.

A.r.t.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Best Lap Time


Acabo de entrar na via de desaceleração que serve esta interminável auto-estrada do dia-a-dia sempre a 100/h, e já tenho em mente aproveitar para reabastecer e esticar um pouco as pernas e qui ça mesmo comer algo rapidamente enquanto leio um pouco ou vejo as noticias.

É que isto de andar sempre de um lado para o outro no limite e com a mente sempre a transportar cargas cada vez mais pesadas revela muito sadismo e masoquismo ao mesmo.

Até aqui nada de novo mas o tempo já nós deu exemplos de como somos capazes de inovar quando menos se espera e se por vezes só constatamos o que somos ou fazemos pelos resultados ou por elementos externos, este imposto ao consumo que pagamos por fazermos parte activa desta sociedade, anda hoje muito mal de saúde e moral, se o que pagamos durante a procura de nos concretizarmos é no fundo em parte resultante do que procuramos há que ter isso sempre em consideração embora eu ache que este crescente endividamento resulta de uma procura sem conta nem medida de um animal cego e muito burro que também se manifesta na nossa pessoa. Começo a ficar habituada a me transfigurar, e este ser sinistro que me torno pontualmente e que desperta alguma simpatia, não por ter perdido os traços que me define como ser Humano mas por ser capaz de transportar em mim a própria perdição anunciada e que não sendo aquela que é obvia e incontornável não deixa por vezes mesmo de ser resultado de plano maior, e que é comum a todos nós.

Os Heróis nas tragédias da antiguidade clássica trabalhavam tal e qual Hércules e calculavam as suas acções antecipadamente como um Zeus no monte Olimpo. Podendo até ser uma imagem interessante no entanto levou a concluir que ao mesmo tempo para precisar melhor as suas jogadas abdicaram de uma certa sensibilidade em nome de um maior rigor ou precisão e no entanto acho que começaram a se tornar claro que não se pode ir muito mais além sem que pelo menos alguma mudança significativa ocorre-se e essa mensagem, tendo chagado até nós, perdeu-se.

Se vivemos em tempos complexos onde a realidade já tomou uma dimensão que há muito ultrapassa a nossa capacidade de a assimilar e muito menos de a podermos operar como muitos pelos menos o ousam enunciar talvez haja a necessidade de pensar em uma mudança de mudanças. No entanto devido a transição de auto-suficientes e autónomos, passamos a ser interdependentes com laivos de egoísmo para nos conseguirmos distinguir dos demais.

Este exercício estilístico a que no fundo resumo o nosso egoísmo tal como o preço dos nossos pecados ou virtudes, não passa de algo que podendo ou não escapar, mas não deixa de ser apenas a camada de verniz que impede que a tinta estale e assim vamos mantendo tudo no lugar aparentemente a questão é qual é a importância do verniz no todo.

P.S Não acredito que a vida seja uma luta constante mesmo que isso não passe de uma metáfora para o trabalho, acredito sim que a vida obriga a muito trabalho mas não obstante o mesmo deve ser temperado com algo muito mais importante do que aquilo que de mais nobre habite nessa actividade humana profundamente funcional. Não de forma redutora trabalhadores com caprichos mas sim caprichos e muitas outras coisas mais que trabalham.


A.r.t.