quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Uma simples questão de geografia fez-me recorrer ao décimo primeiro volume da Grande Enciclopédia Universal. A minha curiosidade interminável acabou por me deter por aqui. Horas, creio. Um inzomeiro, aprendi eu, é um mentiroso, intriguista. O irídio é um metal branco-amarelado, quebradiço mas mais denso que o ouro. Dimitri Karamazov, personagem de Dostoievski, é condenado a vinte anos de trabalhos forçados na Sibéria pela morte do seu pai. Renasce e encontra algo por que vale a pena viver. Kierkegaard, no seu irracionalismo, defende que Deus ou o Ser não podem ser apreendidos pela razão. Nero dava prémios como uma casa ou um escravo. Jeremias pregou a necessidade da reforma interior, a piedade e a justiça pessoal. Os poemas eróticos de Horácio são pouco mais do que versos graciosos de sociedade. Numa das ravinas do Norte da Madeira existem, visíveis a olho nu, massas de essexite brutamente cristalina.

Pouco a pouco a sonolência mental e a preguiça invadem-me. Perco o impulso e envelheço... Deixa-te disto, andas cá de passagem. Para quê desperdiçar horas, entre cigarros e pretensões, se me contento muito mais com um sorriso sincero. Alguma destas enciclopédias sabe o que isso é? Alguém aí tem um sorriso para mim?


a.r.T.

Vi-te num vislumbre e logo a vontade de estar contigo assaltou-me de rompante o espírito enfraquecido. Ter-te a meu lado, tocar-te, segredar-te palavras doces ao ouvido. Mas não tenho nada para dizer e nada para dar senão espinhos e tormentas.


a.r.T.

A paixão é uma forma de engano. Passados meses começa a esmorecer, instalam-se os problemas e revela-se a fraude. E então dá-se a falência total.


a.r.T.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

No Labirinto da Noite


Tenho tido grandes dificuldades em dormir. Não durmo de noite, adormeço de dia, de olhos abertos e espírito alado. Sempre que me deito o caminho do sono é longo demais, como um corredor imenso cheio de agitação. Os gritos na rua que não param, o motor do carro a trabalhar, o telefone que toca, os passos comedidos, as conversas segredadas, a luz ténue que passa pelos estores da janela, há sempre algo que me impede de cair no sono. Até que, nos bastidores do dia, sem pernas para aguentar o cansaço, bato à porta de um pensamento e lentamente sou guiado às profundezas de um sonho a preto-e-branco.


a.r.T.

Gasto as noites a escrever-te recados que nunca chegam a ti. As palavras que nunca te direi escritas a tinta de sussurro, seladas num envelope de silêncio.


a.r.T.

Ainda há dias perguntava eu onde estavas tu, onde e como te encontraria, se seria num país distante se ao virar da esquina. No sitio mais imprevisível acabei por te encontrar. Vi-te, passei por ti, olhei os teus olhos cor de mel e soube logo que nos tínhamos enfim encontrado.


a.r.T.