quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Amigos quem os quer?


Amigos!?!? Para que servem? Para nos chatearem a altas horas da noite com os problemas deles, como se os nossos já não bastassem; para nos fazerem gastar dinheiro nos jantares de aniversário e em prendas inúteis mas obrigatórias nas celebrações; para termos que fazer aqueles telefonemas da praxe: «é só para saber como estás»; para nos virem com a lamechice do costume naqueles momentos mais ébrios; para recordar os momentos passados de uma juventude desvairada. É para isso que servem os amigos? Então dispenso-os a todos. Sem excepção.

Para me fazer companhia compro um cão. Pelo menos tenho a certeza de que não abandonar-me-á quando necessitar dele. Não me vai dizer, seguramente: «se a minha namorada me deixar eu vou jantar contigo» ou «hoje dá o Benfica na tv e eu quero ver». O cão não trocar-me-á por uma namorada qualquer, daquelas que vêm e vão, ou por um mísero (e já agora, execrável) clube de futebol.

Amigos destes tenho muitos. Mas os bons amigos resumem-se ao núcleo de um átomo: um protão e um neutrão. Uma parte tão reduzida, tão ínfima que deve ser preservada como se parte de mim se tratasse. E destes não desisto eu.

Os outros lá vão. Caras conhecidas pelas quais passamos na rua e fazemos um pequeno aceno de cabeça. Gente tão desconhecida como o sapateiro lá do bairro. E assim, como um castelo de cartas, os laços soçobram e ficam os escombros de memórias longínquas.


a.r.T.

1 comentário:

Carlinha disse...

Se te visse na rua não te acenaria apenas com a mão. Mas também pouco precisaria dizer-te, um abraço chegava. Porque há amizades assim... aquelas em que o tempo passa passa e nada ouvimos uns dos outros, mas algo continua lá. E esse algo são as memórias. Do que se viveu junto, do que se partilhou. E o passado não volta a ser presente e muito menos futuro, mas está lá. Todos os dias. Saudades tuas. Saudades nossas.