quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Já não há pessegueiros no caminho!


Mais uma noite perdida. Em branco. Penso em tudo. Estou aqui desde as duas da manhã e tudo o que fiz foi limitar-me a ouvir o silêncio da noite e perder-me em pensamentos. Ando de um lado para o outro. Páro. Deixo-me ficar quieto. Nada. Nem sono nem calmaria, apenas fúrias desenfreadas... Com lentidão acalmo e entorpeço-me. Uma realidade-outra surge.

Arrasto-me lentamente pelo chão e saio do quarto furtivamente. Encosto a porta atrás de mim. Saio de casa e enfio-me numa jangada a navegar rio afora empurrando-me em direcção ao mar. O nevoeiro serpenteia o alvo litoral nos primeiros alvores matinais. Deito a mão ao mar procurando tocar a espuma das ondas. O vento frio de um dia por nascer. O canto breve das gaivotas. Que sensação! Parece que deixei o meu corpo para trás por um tempo. Já não há pessegueiros no caminho. Parece que estou num deserto. Mas ainda agora neste jardim havia flores de todas as belezas!

Raiam na minha atenção vagos e dispersos ruídos. Oiço agora, distintamente, os passos de alguém sobre a madeira do chão. A luz acende-se arrancando de dentro de mim aquele sonho. Sou todo confusão. Estou de volta ao meu quarto com vista para a desolada rua.

Sei que despertei e que ainda durmo. Entre o sono e a vigília o meu corpo cansado diz-me que ainda é cedo. Volto a enfiar-me por debaixo dos lençóis esperando que a escuridão confirme que nada daquilo estava a acontecer.

Deixo para mais tarde pensar em tudo isto quando estiver mais desperto. Talvez, então, faça mais sentido.


a.r.T.

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