sábado, 9 de janeiro de 2010



São onze e meia da manhã e a minha casa encontra-se um caos, parece um palco de guerra, cheia de destroços, restos esquecidos, ruínas abandonadas. E eu queria arrumá-la, mas sem sujar as mãos, aliás, sem mexer uma palha. Não me parece que assim consiga. Na minha casa não há jornais, mas ali no canto amontoa-se uma imensidão de papeis, textos para corrigir, cartas por enviar, livros à espera de serem lidos, diários perpetuamente inacabados. É curioso chamar casa a este minúsculo apartamento que tanto me entristece. Uma parede vermelha e uma janela para distrair os olhos. De resto, o vácuo. Falta-lhe o calor, falta-lhe os livros da minha biblioteca inventada, falta-lhe mais alguém para além de mim. Eu e tu. Mas depois seriamos demasiados neste espaço tão pequeno. 18m2, seis por três, uma parede vermelha e uma janela. Na minha casa não há jornais... nem tão pouco televisão, portanto é por aquela janela que eu vejo o mundo. As quatro paredes do meu apartamento estéril são-me, ao mesmo tempo, cárcere e inspiração, túmulo e  recreio. São onze e meia da manhã, hoje são sempre onze e meia, e chove. A casa continua suja e desarrumada e eu ainda nada fiz. Quem me arranja uma ideia feliz para não pensar nisto? Vou para a janela ver o mundo passar. Que esquisito o mundo. Que esquisita forma de ser.


a.r.T.

Sem comentários: