terça-feira, 9 de junho de 2009

Delírios Ébrios


Acordo com a boca a saber a álcool, seca como serradura, e uma dor de cabeça daquelas. Que ressaca! O whisky de ontem à noite era muito mau. E uma garrafa inteira... O que vale é que foi uma noite e tanto. Amigos, copos. Música, copos. E hoje esta maldita ressaca. Mas valeu a pena. Conversa fiada e copos. Olhares promíscuos e copos. Sorrisos trocados e mais copos. E lá se foi uma garrafa inteira de whisky. E depois outra e mais outra. Perdi a conta de quantas. Ai, que dor de cabeça! Corpos a dançar, palavras segredadas, o roça-roça... e a noite termina num quarto desconhecido, numa cama com uma desconhecida. Ou será que a conheço? Não me parece. Os dois completamente nus em cima da cama e eu com a tranca tesa como um cacete. Que fiz eu, ó Deus!?!?! Foi da garrafa de whisky martelado. Aquela mesma que me deu esta ressaca descomunal. Ela dorme que nem uma pedra. Deve estar tão anestesiada que não acorda com nada. Olhos redondos e escuros, boca escarlate e o rosto de um branco lívido contra um fundo de cabelos negros e encaracolados. Soubeste escolher ao menos! Levanto-me e abro a janela. Preciso de ar fresco. Dá para perceber que já é tarde: o sol vai alto e o movimento desenfreado. Mas afinal que faço eu aqui? Calma, mané!!! Saio do quarto e percorro a casa como se estivesse na maior escuridão. Não reconheço nada. Avanço decidido. Ao fim de várias tentativas acabo por encontrar a casa de banho. Lavo a cara e olho-me ao espelho. Que triste figura. Olhos raiados de vermelho, cara fúnebre. Pareço um estafermo. Respiro fundo e recupero um pouco. Regresso ao quarto para me vestir na maior fúria e rapidez. A rapariga continua a dormir. Quero desaparecer antes que acorde. Pé ante pé mergulho de um terceiro andar para a rua. Esta zona é-me familiar. Com o sol a ferir-me os olhos ponho-me em busca de um táxi. Ao fim de 15 minutos estou à porta de casa. Finalmente, o santuário. Tomo uma série de comprimidos e bebo uma garrafa de água na esperança que a ressaca acalme. Deito-me na cama e esforço-me para adormecer. Quero esquecer. Esquecer rapidamente. Porventura, isto terá sido um sonho e não saí sequer da cama. É melhor assim. Amanhã à noite será outra aventura. Quem sabe onde termina? Amanhã não bebo whisky. Vou beber vodka.


a.r.T.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vive-se intensamente sente-se intensamente mais corpo do que mente