segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mioclonias do Adormecer


Um grande amigo meu tem, recorrentemente, um sonho em que voa. De repente levanta voo, qual avião, qual super-homem, e começa a percorrer os céus. Até que, numa vertigem inesperada, tem que se agarrar a um poste com medo de cair. Acorda e cisma durante horas.

Esta noite sonhei com algo semelhante. Num instante estava deitado na minha cama e noutro estava a voar. Ganhei as capacidades de um pássaro, voando sob o céu laranja e roxo. Rajadas de vento enrolavam-se à volta das minhas asas ateando um fogo que parecia irromper em labaredas. A amplitude das minhas acções era infinita. Comecei a subir alto, bem alto, querendo penetrar mais longe e mais fundo no céu. Um voo interminável, varrendo todas as direcções. Subitamente aterrei de novo dentro do meu corpo e desci até à ponta dos dedos das mãos e dos pés, e dei comigo ainda na cama, estendido, de olhos fechados. Toquei no meu corpo e senti a falta das minhas asas. Para onde tinham ido elas? Desperto de mim e, olhando para tudo o que me rodeava, percebo que a vontade alada e inatingível que saiu de todo o céu me entrou verdadeiramente para a alma. Nesta hora de sensações confusas abro asas mas não me movo. Voo lento dentro de mim...


(Não, não fumei nada hoje!)


a.r.T.

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