quinta-feira, 13 de novembro de 2008

The best love is self love (parte II)


É verdade… o ser humano é complicado por natureza… e muitas vezes cria para, um dia mais tarde - por vezes demasiado tarde - perceber que o que criou simplesmente o serviu para alimentar o ego. Será este tal amor mais uma das nossas “criações”? Ou será apenas um “bug” que veio com o fardo da racionalidade? Falo, claro, desse “amor” que "de repente" nutrimos por alguém e que como que nos suga tudo para além de si mesmo, qual parasita. Mas para onde vai tudo o resto? Aquelas coisas que em tempos nos diziam tanto, nos faziam sorrir ou ter esperança e sonhar? E porque é que muitas vezes precisamos bater com a cabeça na parede e ver que o destino que colocámos nesse sentimento não passou de uma ilusão para voltarmos a procurar encontrarmo-nos num mundo para além deste sentimento? Porque não se questionam as pessoas disto? (Ou porque não o conseguem fazer?) Que maior desperdício poderá haver do que o daquele que, por carência ou “preguiça mental”, se desprende de tudo o resto que a vida tem para lhe oferecer? Quando desafiamos estes nossos preconceitos, o nosso ego - qual veneno ou ditador - e percebemos que há muito para alem dele?...

Já se inventaram políticas coerentes na esperança de moderar tantos vícios e males da sociedade…porque não inventá-las também para este potencial “estrangulador” de vidas? À semelhança do tabaco e afins (que pode ser muito reconfortante mas que inevitavelmente terá um preço, todos o sabemos…), poderiam espalhar “outdoors” pelas cidades a confrontar a população com aquilo que sabe mas não quer ver. Por exemplo: “O excesso de “amor” provoca danos irreparáveis na sua vida a médio/longo prazo”. Ou mesmo “Aumenta substancialmente o risco de demência ou de enfarte do miocárdio”. Mesmo que ignorada, como as restantes similares campanhas, ao menos não se podia dizer que ninguém tinha avisado. E se ao menos tocasse uma pessoa…! Mas não… para muitos continua ser o sonho de qualquer Homem que se preze, a derradeira recompensa de se estar vivo. Acho que está na hora de deixarmos de depender do espelho do outro para nos vermos e para vermos que, por maior que seja a importância de alguém que se cruze na nossa vida, por melhor que seja construir e partilhar algo com essa pessoa, existe um sem numero de oportunidades não menos virtuosas para além desta, existe sempre algo maior para merecer todo esse fascínio e dedicação. A nossa própria vida. E quando digo “a nossa vida” faço questão de destacar todos aqueles que também sabem reconhecer que a grande realização nesta passa pelo próximo. Investir tudo o que somos e temos para dar apenas numa pessoa, esperando daí colher os melhores frutos, é o princípio de um mau investimento. Está na altura de desmistificar esta forma de sentimento, que para mim muitas vezes apenas mascara uma forma de egoísmo. Abraços.

a.R.t.

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