terça-feira, 4 de novembro de 2008

Latitudes do Silêncio


«Já escrevi isto amanhã.»

Na impossibilidade de publicar amanhã, antecipo o manifesto:

Quanto vale o silêncio? Aquele momento surdo, aquele momento mágico em que as palavras são mudas, em que tudo é nada.

Eu vivo atormentado porque as pessoas falam, numa torrente de palavras que se acotovelam umas às outras, sem se dar conta do que dizem. Palavras mentirosas exprimindo impossibilidades intimas. Palavras ocas, despidas de sentimentos e cobertas por uma ausência esmagadora de sentido. A assustadora sonoridade das palavras assoreando o silêncio!

No silêncio ninguém mente, ninguém atraiçoa. Alcançar a doce profundidade em que duas pessoas comunicam mais pelo silêncio do que por palavras. Quando se ouvem os dois no mesmo silêncio, como se estivessem ali só para escutar o silêncio um do outro. Ouvir o barulho do sangue correr. E então, através da simplicidade do silêncio, e em patamares sucessivos, há sempre mais para compreender.

...

a.r.T.

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