sexta-feira, 17 de julho de 2009


Duas horas. Duas horas que pareceram infinitas, durante as quais estive ali, sentado, esperando que falasses comigo. Em duas horas os músculos do coração contraem-se e relaxam-se, contraem-se e relaxam-se de novo, oito mil vezes. O ponteiro dos segundos move-se sete mil e duzentas vezes. A terra percorre duzentos mil quilómetros na sua órbita. O beija-flor bate as asas quinhentas e quarenta mil vezes. Duas horas são quase nada. O tempo suficiente para escutar a Nona Sinfonia de Beethoven e dois dos quartetos póstumos, para voar de Lisboa a Paris, para fazer passar o jantar do estômago para o intestino delgado, para ver a obra-prima de Elia Kazan, Esplendor na Relva, para morrer de mordedura de uma cobra. Nada mais. A mim pareceram-me uma eternidade. Duas horas que esperei por ti em vão...



a.r.T.

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