A melhor parte da noite é aquela em que o ontem ainda não acabou e ainda é demasiado cedo para o amanhã. Quantas e quantas vezes, ao despertar, nos passa pela cabeça como é vão acordar e levantar da cama. Há dias em que não nos deviamos aventurar a sair debaixo do calor e conforto dos lençois.
Quando fechamos os olhos e, num sono íntimo, sonhamos, sentimo-nos protegidos das garras afiadas da realidade. Nada nos pode tocar. A cama, o nosso reduto, o escape onde nos podemos refugiar e libertar das sujeições da vida diária, cáustica, bafienta, minaz, cruel… sem interesse. Como uma espécie de libertação da pessoa sujeitada, o sonho dá asas à ousadia interior, aos desejos, paixões.
Dormimos e deixamos o inconsciente tomar lugar, o racional ausenta-se e o mundo da fantasia assume o leme, e logo construções incônsias tomam forma, e tudo o que povoa a nossa mente revela-se…
O sono vem baixinho e, inelutavelmente, sem se dar por ele começa o sonho, aquela mistura perfeita entre a quimera e o mistério, entre o devaneio e a inocência, onde somos capazes de tudo: enfrentar, em duelos aparentes, fantasmas e demónios, vencer contendas indomáveis, elevar-nos para um lugar distante, saciar uma volúpia incassável e sermos o centro dum mundo que gira à nossa volta… Ah, ali, onde somos senhores, a escuridão não nos afecta e, mesmo quando sentimos aquele arrepio vertiginoso, sabemos que ao acordarmos estaremos no nosso porto de abrigo, e que para além dele é que está a tormenta, o desassossego. E é então, que desejamos voltar atrás no tempo, regressar àquele mundo, que só nós conhecemos, não mais sair daquele lugar, e de novo acreditar em todos aqueles sonhos.
Hoje é um desses dias. Como dizia Pessoa, «tudo o que dorme é criança de novo.» Hoje quero ser criança. Deixai-me gozar…
a.r.T.
Quando fechamos os olhos e, num sono íntimo, sonhamos, sentimo-nos protegidos das garras afiadas da realidade. Nada nos pode tocar. A cama, o nosso reduto, o escape onde nos podemos refugiar e libertar das sujeições da vida diária, cáustica, bafienta, minaz, cruel… sem interesse. Como uma espécie de libertação da pessoa sujeitada, o sonho dá asas à ousadia interior, aos desejos, paixões.
Dormimos e deixamos o inconsciente tomar lugar, o racional ausenta-se e o mundo da fantasia assume o leme, e logo construções incônsias tomam forma, e tudo o que povoa a nossa mente revela-se…
O sono vem baixinho e, inelutavelmente, sem se dar por ele começa o sonho, aquela mistura perfeita entre a quimera e o mistério, entre o devaneio e a inocência, onde somos capazes de tudo: enfrentar, em duelos aparentes, fantasmas e demónios, vencer contendas indomáveis, elevar-nos para um lugar distante, saciar uma volúpia incassável e sermos o centro dum mundo que gira à nossa volta… Ah, ali, onde somos senhores, a escuridão não nos afecta e, mesmo quando sentimos aquele arrepio vertiginoso, sabemos que ao acordarmos estaremos no nosso porto de abrigo, e que para além dele é que está a tormenta, o desassossego. E é então, que desejamos voltar atrás no tempo, regressar àquele mundo, que só nós conhecemos, não mais sair daquele lugar, e de novo acreditar em todos aqueles sonhos.
Hoje é um desses dias. Como dizia Pessoa, «tudo o que dorme é criança de novo.» Hoje quero ser criança. Deixai-me gozar…
a.r.T.
2 comentários:
"Sono...essa deplorável redução da qualidade de vida" Virgina wolf & the suicidal tendencies
"Sono é a fusão com Deus, o Nirvana, seja ele em definições o que for; sono é a análise lenta das sensações, seja ela usada como uma ciência atómica da alma, seja ela dormida como uma música da vontade, anagrama lento da monotonia."
Fernando Pessoa - Livro do Desassossego
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