terça-feira, 31 de março de 2009

Elogio ao "O Elixir do Pajé"


Devo por bem transcrever uma enorme verdade de Bernardo Guimarães :

"Que tens, caralho, que pesar te oprimeque assim te vejo murcho e cabisbaixosumido entre essa basta pentelheira, mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e tristepara trás tanto vergas o focinho, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriososem que erguias as guelras inflamadas,na barriga me dando de contínuotremendas cabeçadas?

Qual hidra furiosa, o colo alçando, co'a sanguinosa crista açoita os mares, e sustos derramandopor terras e por mares, aqui e além atira mortais botes, dando o co'a cauda horríveis piparotes, assim tu, ó caralho, erguendo o teu vermelho cabeçalho, faminto e arquejante, dando em vão rabanadas pelo espaço, pedias um cabaço!

Um cabaço! Que era este o único esforço, única empresa digna de teus brios; porque surradas conas e punhetassão ilusões, são petas, só dignas de caralhos doentios.

Quem extinguiu-te assim o entusiasmo? Quem sepultou-te nesse vil marasmo? Acaso pra teu tormento, indefluxou-te algum esquentamento? Ou em pífias estéreis te cansaste, ficando reduzido a inútil traste? Porventura do tempo a destra iradaquebrou-te as forças, envergou-te o colo, e assim deixou-te pálido e pendente, olhando para o solo, bem como inútil lâmpada apagadaentre duas colunas pendurada?

Caralho sem tensão é fruta chocha, sem gosto nem cherume, linguiça com bolor, banana podre, é lampião sem lumeteta que não dá leite, balão sem gás, candeia sem azeite.

Porém não é tempo aindade esmorecer,pois que teu mal ainda podealívio ter.

Sus, ó caralho meu, não desanimes,que ainda novos combates e vitóriase mil brilhantes glóriasa ti reserva o fornicante Marte, que tudo vencer pode co'engenho e arte.

Eis um santo elixir miraculosoque vem de longes terras, transpondo montes, serras, e a mim chegou por modo misterioso.

Um pajé sem tesão, um nigromantedas matas de Goiás,sentindo-se incapazde bem cumprir a lei do matrimónio, foi ter com o demónio, a lhe pedir conselhopara dar-lhe vigor ao aparelho, que já de encarquilhado,de velho e de cansado, quase se lhe sumia entre o pentelho. À meia-noite, à luz da lua nova, co'os manitós falando em uma cova, compôs esta triagade plantas cabalísticas colhidas, por sua próprias mãos às escondidas.

Esse velho pajé de pica mole, com uma gota desse feitiço,sentiu de novo renascer os briosde seu velho chouriço!

E ao som das inúbias, ao som do boré,na taba ou na brenha, deitado ou de pé, no macho ou na fêmeade noite ou de dia, fodendo se viao velho pajé!

Se acaso ecoandona mata sombria, medonho se ouviao som do borédizendo: "Guerreiros, ó vinde ligeiros, que à guerra vos chamaferoz aimoré", assim respondiao velho pajé, brandindo o caralho ,batendo co'o pé :- Mas neste trabalho, dizei, minha gente, quem é mais valente, mais forte quem é? Quem vibra o marzapocom mais valentia? Quem conas enfiacom tanta destreza? Quem fura cabaçoscom gentileza?"

E ao som das inúbias, ao som do boré, na taba ou na brenha, deitado ou de pé, no macho ou na fêmea, fodia o pajé.

Se a inúbia soandopor vales e outeiros, à deusa sagradachamava os guerreiros, de noite ou de dia, ninguém jamais viao velho pajé, que sempre fodiana taba na brenha, no macho ou na fêmea, deitando ou de pé, e o duro marzapo, que sempre fodia, qual rijo tacapea nada cedia!

Vassouras terríveldos cus indianos, por anos e anos, fodendo passou, levando de rojodonzelas e putas, no seio das grutasfodendo acabou! E com sua mortemilhares de gretasfazendo punhetassaudosas deixou...

Feliz caralho meu, exulta, exulta! Tu que aos conos fizeste guerra viva, e nas guerras de amor criaste calos, eleva a fronte altiva; em triunfo sacode hoje os badalos; limpa esse bolor, lava essa cara, que a Deusa dos amores, já pródiga em favores hoje novos triunfos te prepara, graças ao santo elixir que herdei do pajé bandalho, vai hoje ficar em péo meu cansado caralho!

Sus, caralho! Este elixirao combate hoje tem chamae de novo ardor te inflama para as campanhas do amor! Não mais ficará à-toa, nesta indolência tamanha, criando teias de aranha, cobrindo-te de bolor...

Este elixir milagroso, o maior mimo na terra, em uma só gota encerra quinze dias de tesão...Do macróbio centenário ao esquecido mazarpo, que já mole como um trapo, nas pernas balança em vão, dá tal força e valentia que só com uma estocada põe a porta escancarada do mais rebelde cabaço,e pode em cento de fêmeas foder de fio a pavio, sem nunca sentir cansaço...

Eu te adoro, água divina,santo elixir da tesão, eu te dou meu coração, eu te entrego a minha porra! Faze que ela, sempre tesa, e em tesão sempre crescendo, sem cessar viva fodendo, até que fodendo morra!"

Admirável Mundo Velho ;)


A.r.t.

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