segunda-feira, 23 de março de 2009

Uma Página de Escuridão


Ultimamente, nada parece interessar-me. Aliás, a única coisa que me interessa é o facto de não conseguir interessar-me por nada. Desde há algum tempo tenho andado sob a influência de estados de espírito de diversas formas e feitios que me fazem cair no esquecimento e que se abatem sobre mim como uma tempestade. Pesadelos recorrentes que selam um pacto eterno com o silêncio. Um peso que aperta a garganta. Parece que fui feito prisioneiro numa qualquer sela de um hospital de psiquiatria, secção psiconevroses. Desorientado, alienado. Em fúrias descontroladas passo as mãos pelos cabelos curtos e emaranhados e temo levantar voo a qualquer momento.

Só pouco a pouco começo a emergir para qualquer coisa vagamente parecida com a realidade. Lentamente vou arrumando ideias embaciadas e limpando cacos antigos do meu espírito. Libertar-me, no fundo, de velhas sombras que não devem mais estar lá, enquanto o espectro das hipóteses causais se dissolve.

E assim, no correr vazio de horas sem fim sento-me na cama, de pijama vestido, a embalar um copo de conhaque e a ver a cinza do cigarro a encaracolar na ponta. Pensativo, procuro uma razão, uma explicação e ali permaneço como sonâmbulo, remoendo sobre um assunto que tenho de polir para sempre para que continue a brilhar.


a.r.T.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só talentoo!! Só sucesso!! Mas o bandolim deve ser melhorzinho, nao?! hahaha